ALGUÉM ROUBOU A NOSSA ÁGUA
As necessidades são capazes
de transformar as madrugadas em tardes de sol. Pelo menos é o que parece. Pós,
quando o bem mais precioso falta, os sonhos abstêm-se marear nas ondas da
vontade.
As manhãs já foram
motivos de esperança aqui, o cantar dos galos simbolizando o recomeço, o novo
inicio, o princípio de uma jornada árdua, afinal, somos descendentes de reis. Já
dançamos em volta da árvore que sangra pelo seu povo, dançamos aos sons dos
batuques, celebramos as nossas vidas em madrugas de euforia.
Hoje acordamos mesmo
antes de dormir, deitamo-nos com os olhos concentrados nos relógios. Alguém roubou
a nossa água (temos de estar atento), embora turva e em más condições de
consumo, servia-nos mesmo assim – por isso, temos que saber quem foram esses
gatunos e irmos em busca dela.
É impossível não ver os
bidões amarelos, as bacias vazias e vários outros recipientes meditabundos
diante o governo provincial, cassumbulando a água que serviria para a irrigação
da relva.
A prática de exercícios
físicos no silêncio e na paz das manhãs fresquinhas, foram usurpados pelas
preocupações das famílias em busca de água, já que a mesma, não chega mais nos nossos
bairros.
Ouvimos que a Administração
Municipal de Mbanza kongo, na implementação do plano de reabilitação das vias secundárias
e terciárias, um projecto plausível, cortaram os canos que fazia chegar a água
quase potável.
A água parou de chegar,
chegou escassez e a administração se calou; e agora quem vai responder pelas
nossas necessidades? Não somos contra a reabilitação de estradas, mas também,
não podemos concordar em viver sem água em nossos bairros.
Pensamos que a Administração
Municipal, ao cortar a canalização devia ter previsto uma medida cautelar para
evitar este roubo; pensamos ainda que estas precariedades aquáticas que vivemos
são fruto da negligência e da falta de diálogo entre nós (povo) e eles
(administração), as proximidades nos ajudariam quebrar o gelo e meditar em
conjunto, sobre como ultrapassar este exaustivo semblante que nos deixa a
paisana como papéis, vagando nas madrugadas aglomerados diante o Governo Provincial.
Uma administração que desconhece
quais são os problemas fundamentais dos seus munícipes para quê serve? De que
nos vale ter estradas novas e apetrechadas e nos faltar água prá tomar banho?
Senhor administrador, afinal de contas qual é o bem de maior necessidade, a
nossa Água ou a vossa Estrada?
Pensamos que a beleza e
o desenevoamento da nossa amada cidade não devi impor-se as necessidades do seu
povo, ou seja, a construção de infra-estruturas não deve afectar a água potável
- um bem de primeira necessidade.
As mães do Martins
Kidito choram porque suas águas foram roubadas, os do Madungo e 4 de Fevereiro
as lágrimas secaram-lhes os pés no sol das madrugadas. Devolvam a nossa água,
mesmo turva nos dava jeito, aprendemos a nos contentar com pouco.
Devolvam já, ou
estaremos todas as manhãs embelezando o vosso palácio com nossos Bidões,
Bacias, Baldes e Pinicos vazios. Estaremos ai todas as madrugadas. A vossa
bendita estrada não serve para o banho dos nossos filhos, e não cozinhamos com
alcatrão, senhores governantes.
By: Nlando Tona
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