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O QUE A VERGONHA PERDEU


As crianças, já nem conseguem mais sorrir por aqui, o sorriso escapou-lhes dos lábios, deixando a simples marca amargo do dissabor, o sabor da amargura. Aqui, a luz do sol é muito clara, porque a escuridão da noite não deixou de ser escura. O medo e a insegurança tomam conta de toda lama dos becos. Roubos, lutas e drogas, são aperitivos do calor na madrugada.

Na verdade, não foi desta forma que planejei compor este texto. Queria encher o pulmão e falar do Gira-petróleo (campeonato interno no Soyo), a dança do futebol que nos uni sem complexos, numa corrida saudável entre os bairros.

 Os ventos que gritavam de euforia, no Campo do Bairro da Fina e no Campo Onze, emudeceram a muitos anos. Ninguém sabe ao certo, se foi por falta de dinheiro, ou por falta de competência, a verdade é uma só, ACADÉMICA DO SOYO BA DIA E VALA!

A santa Igreja, continua benzendo a vida dos moradores da nossa Paróquia, sem luz eléctrica e água potável, o berço das enchentes e dos desleixos Estatais. Para alguns, a única saída é fugir do bairro e procurar melhorias em bairros que não nos pertencem. Mas, que gloria terá um homem que abandona sua história?

Por isso, continuamos neste solo sórdido e imundo, o forno dos diabos, que usando nossas vidas, ascendem as chamas do seu inferno incandescente.

Foi engraçado, rir sem graça a irónica desgraça, um enredo líquido e não recente de um conto contínuo. Este bairro sempre foi conotado pelo elevado fluxo de violência, algumas pessoas chamam-lhe Paróquia do Kikudo, o bairro dos bandidos. Eles olham para nós, imaginam nossas dificuldades, mas por não viverem-nas, espezinham as nossas mágoas.

Em seus discursos, pomposamente depreciativos, ouvem-se os sons da aguarela que nódoa o nosso bairro.

Desde a falta de Luz eléctrica, à Água potável, essa falta que nos aperta desde tenra idade, perguntem a minha avó que completa hoje 74 anos, ela sabe melhor que eu. O consumo exagerado da Cuca, Sagre e Nocal. Se somos bêbados é graças as cervejas que eles mesmos nos vendem num custo mesquinho; As Liambas, criam os nossos filhos e sobrinhos;

A inexistência de Centros sócias, Parques infantis, Bibliotecas, Centros de Lazeres, Ruas Esfalfadas, Projectos de escoamento das águas das chuvas que cobrem as nossas casas. E a polícia, rouba e nos maltrata sempre que pode.

Agora, decidiram embelezar as nossas ruas, que bom! Com as suas bandeiras deslumbrantes - Ó Deus! Benigno será o dia em que as fotografias, as bandeiras e as maratonas solucionarem os problemas que nos apoquentam.

Será inesquecível, o dia em que o Partido encontrar a vergonha que à muito perdeu.

Ó glorioso Partido, vós que assistes na zona peculiar o nosso triste filme, a nossa penúria crescentes, o sepulto da nossa esperança e dos nossos corações partidos. Rogamos que encontreis a vergonha e comeceis a olhar para nós, como sócios desta empresa publica que à muito particularizaram.
 Rogamos que comeceis a partilhar, com justiça e respeito o erário público. Oramos para que sejamos previstos com dignidade no dinheiro avultado, resultado do petróleo e do gás, as riquezas que alojam sobre os nossos pés.

Acreditamos que ao encontrarem a vergonha, saberão que somos humanos como vocês, que afinal o país não se resume nas vossas casas; Que a terra também é nossa. Quando encontrarem a vergonha saberão que os outros também sentem dor, também têm filhos, netos e sobrinhos, crianças que anseiam mostrar prá o mundo, o sorriso e a esperança, que perdemos com passar dos anos.


By; Nlando Tona


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