DE REPENTE, ESTÁDIO.

                           

Este é o teu problema, gostas muito duvidar - Estou a dizer que tudo desceu, o Governo subvencionou. Estávamos a compra os mambos bem mais baratos.

 Esta é a pura verdade. Quem não esteve perdeu. O nosso campo transformou-se em Estádio, ouvi na rádio e na televisão (GRANDE SHOW DAS MULTIDÃO NO ESTÁDIO DO CHIWEKA)!

 Mentir por que, se não ganho nada? O nosso campo de areia vermelha, onde jogamos aos domingos, cheio de lixo e cocó nos cantos, tornou-se Estádio do dia para noite.

A noite parecia o carnaval do Brasil - muita gente. Há quem diga que o tio da Paula – aquele que morreu na semana passada, veio também assistir e dançar com os seus amigos do cemitério municipal - na maratona que transformou o nosso campo em Estádio.

Era muita dança meu irmão. Dançamos pelos vivos e pelos mortos, pelos doentes e vadios; pelo preço do pão que não desceu, pelo desemprego, pelos despedimentos no MALONGO (...) dançamos muito mesmo.

Dançamos pela morte dos nossos irmãos, vítimas de um acidente. É bem mais fácil dançar, que apurar as razões de base na queda do helicóptero ou, responsabilizar a CHEVRON, caso tenha alguma culpa.

Rasparam a terra para que ficasse lisa, gastaram muita água irrigando – o nosso campo nem conseguiu mostrar o vermelho que lhe cobre a pele - os convidados não poderiam ficar com poeiras nos sapatos. Ao lado da nossa baliza tinha um palco lixado, com mais luzes que o bairro do Gica.

Quando esperávamos que o governo da tia, subvencionasse os particulares comerciantes, ou o preço da passagem nas companhias aeronáuticas, ela subvencionou à Cuca.

 Bebemos e nos embebedamos, fumamos com os nossos filhos bem a frente deles - acredito que tenhamos dado um grande contributo e que nos saímos muito bem.

É isso que vocês procuram, uma sociedade de bêbados e inconscientes, onde as bebidas alcoólicas são vendidas aos menores, onde os putos navegam a mil pés no mundo das drogas, bem na frente do senhor que agente da autoridade.

Pensamos em te ligar, para vires também dançar no funeral dos valores – onde os adolescentes fumam e bebem sem maneiras, expõe-se sem respeito, ejaculam com os mais velhos, nos carros e nas paredes ao som das maratonas.

Agradecemos a nossa tia e aos seus amigos por estes júbilos, já que na sua visão estratégica nos ajudam a melhorar as nossas míseras vidas. Resta-nos aplaudir a nossa dor e sorrir do nosso sofrimento.

Estejam a vontade, voltem sempre. Tragam os vossos músicos e esqueçam que também temos voz. Quando virem, por favor não se esqueçam da relva ou   mesmo capim, sacos de lixo, tragam cadeiras também, pelo menos desta forma, o nosso campo - vosso Estádio ganhará mais respeito nos dias em que não haja maratonas do partido.

By: Nlando Tona