MALDITA CHUVA
PenĂşria Ă© ver
os nossos carros se afogarem nestas estradas sempre que chove. Imploramos um
mucado de piedade a nossa senhora todo-poderosa Nvula, mas parece que as nossas
preces nem chegam atingir Ă troposfera.
- É sempre assim, embora haja quem diga que sempre
foi assim - buracos enormes na via publica no tempo seco que evoluem em oceanos
quando surge a Ă©poca chuvosa.
Maldita Ă© a chuva que cumpre o seu ciclo natural,
maldita por dar tempo a quem administra para tomar precauções e não toma.
Maldita Ă© chuva, pĂłs bendito sois vĂłs que governas e esperas que os nossos
carros criem barbatanas e comecem a nadar por esses pacĂficos oceanos cravados
na via pĂşblica.
Alguém ressuscita o senhor Darwin para ver a estagnação
evolutiva das espécies, talvez assim ele perceba que defendeu a teoria errada a
vida toda, e finalmente compreenderei a razĂŁo pela qual os nossos carros ainda
não se adaptaram ao habita que lhes é imposto à décadas pela via publicas.
- O meu carro nĂŁo Ă© peixe, e por favor parem de esperar
que cresçam barbatanas e escamas sobre ele.
Triste Ă© a forma como me olha todas as manhĂŁs em que
tem de me acompanhar ao serviço. Ao longo do caminho, sinto-o chorar sempre que
mergulha em cada um dos vários poços que decoram as nossas estradas. Quase que
choro, quando vejo-o se afogando para que eu possa chegar a tempo de cumprir o
meu dever para com a pátria amada.
- Angola Ă© uma via esburacada, onde as politicas
administrativas estĂŁo viradas para futuro negligenciando assim o presente.
Angola Ă© um paĂs que constrĂłi, mas que se esquece de conservar o que construi.
Sonhamos ser como os melhores e nĂŁo nos importamos
quais rotas a seguir para conseguir sĂŞ-lo, mas como quem dorme Ă© imperativo
acordar, um banho de água fria inunda-nos as estradas que carecem de esgotos,
fura-nos os asfaltos de neve que descongelam sempre a água paira sobre ele, afogando-nos
os automĂłveis que acabam por molhar o piĂŁo que caminha pelos fininhos passeios.
Nasce mais um filhudaputa nas ruas das manhĂŁs brancas
de paz como a bata do estudante, que para e assiste o motorista preso no
congestionamento onde os carros tartarugam na caminhada em estradas fininhas
que tĂŞm buracos e estĂŁo inundadas.
Talvez esteja a fazer tempestade em estradas de água
mas, o ritmo que isto segue, presumo que em poucos anos seremos obrigados a
comprar remos, fabricar canoas com rodas e passar a pagar taxas de navegação.
Maldita Ă© essa chuva que nĂŁo sabe o que Ă© beleza, essa
chuva que descongela as nossas estradas asfaltadas com gelo chinĂŞs, essa chuva
que faz falar mal do governo do povo.
By: Nlando Tona
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